O bem-estar é a base da tua saúde!

“Dar uma boa educação para que as crianças sejam bem comportadas” dá lugar a “Educar através da qualidade da relação para um desenvolvimento psicológica e emocionalmente saudável”.
Desde que se investiga sobre a mente humana que se entende que o seu desenvolvimento depende da interação com o ambiente. Ou seja, as experiências vividas, os relacionamentos interpessoais e até mesmo as influências culturais são alguns dos fatores que moldam o nosso cérebro e, consequentemente, o nosso comportamento, pensamento e emoções.
Desde John Bowlby até Peter Fonagy, todas as evidências demonstram a importância da qualidade de vinculação entre a criança e os seus cuidadores, para o seu desenvolvimento e crescimento saudável.
John Bowlby foi um psiquiatra e psicanalista britânico que desenvolveu a teoria do apego, que enfatiza a importância dos vínculos emocionais entre os bebés e os seus cuidadores para o desenvolvimento social e emocional saudáveis. A sua teoria argumenta que a segurança emocional e a sensação de confiança na capacidade de obter apoio dos cuidadores são fundamentais para a formação de relações interpessoais saudáveis ​​ao longo da vida.
Peter Fonagy é um psicólogo clínico britânico que desenvolveu a terapia baseada no processo de mentalização, ou seja, a capacidade das pessoas entenderem e interpretarem as suas próprias emoções e os seus pensamentos, bem como os dos outros. A sua teoria enfatiza a importância da empatia e da capacidade de mentalizar para o desenvolvimento de relações interpessoais saudáveis ​​e para a resolução de problemas emocionais e psicológicos.
Os  parâmetros e conceitos que definem uma relação de qualidade entre pais e filhos, dentro da abordagem da Parentalidade Consciente são os seguintes:
Comunicação aberta e honesta
Respeito pela integridade
Psico-educação  e apoio emocional
Limites saudáveis
Responsabilidade pessoal
Flexibilidade e compreensão
Igual valor
1. Comunicação aberta e honesta:
Numa relação saudável é importante que todos os envolvidos se sintam confortáveis ​​para expressar os seus sentimentos, pensamentos e as suas necessidades, sem medo de serem julgados ou rejeitados. Quando as crianças se desenvolvem num ambiente em que a autenticidade está presente também não perdem a sua autenticidade inata e isso transmite-lhes que podem confiar nos adultos que os rodeiam.
2. Respeito pela integridade:
O respeito pela integridade é fundamental para desenvolver uma autoestima saudável e para criar relações saudáveis. As crianças precisam de ser tratadas com respeito e as suas opiniões e necessidades devem ser levadas em consideração. Quando elas se expressam ou agem de maneira a que não faça sentido para os adultos, o verdadeiro respeito pela integridade da criança convida-nos a um olhar para estas situações com base na empatia e compaixão.
3. Psico-educação e apoio emocionais:
É fundamental compreender o que sentimos e conversarmos abertamente sobre emoções para que possamos também ajudar os nossos filhos nesta matéria. Para além disso, as crianças precisam de se sentir apoiadas emocionalmente. É essencial que possam contar com os adultos em momentos difíceis e que estes validem as suas emoções e sentimentos. Ao transmitirmos empatia pelas emoções das crianças, podemos ajudá-las a aprender a regular suas emoções de forma saudável, o que é importante para um desenvolvimento emocional saudável.
4. Limites saudáveis:
Ajudar a criança a ser capaz de expressar aquilo que pensa, sente  e que precisa de forma clara e através da conexão emocional com ela é o suficiente para estabelecer limites confortáveis para todos. A conexão é a base da relação. A criança não aprende limites com castigos, gritos ou ameaças. Tampouco precisa de muitos nãos para aprender. O mais importante nos limites é muito compreendido através do respeito pela sua integridade.
5. Responsabilidade pessoal
Responsabilidade pessoal na relação saudável significa que cada indivíduo assume a responsabilidade por si mesmo, pelas suas emoções e pelas suas necessidades sem passar essa responsabilidade para o outro. É claro que os pais são responsáveis pelos filhos, mas neste contexto significa que não os responsabilizamos por aquilo que nos acontece ou sentimos. Assim como é muito importante darmos espaço à criança para que  assuma a responsabilidade das suas próprias ações. Fazer por ela aquilo que ela é capaz de fazer, tentar salvá-la de situações que tem capacidade para gerir, ou não permitir que lide com determinadas consequências, dentro do que é seguro para ela, minimiza as suas aprendizagens e torna-a irresponsável.
6. Flexibilidade e compreensão:
A flexibilidade e compreensão ajudam os pais a conectarem-se mais profundamente com os seus filhos. O que é muito favorável a criar um ambiente acolhedor e seguro onde as crianças se sintam à vontade para serem elas mesmas. Para além disso, estas atitudes podem ajudar a construir quer a autoconfiança, quer a autoestima das crianças, promovendo a sua autonomia e fortalecendo uma relação de confiança entre pais e filhos.
 7. Igual Valor:
Igual Valor é um conceito fundamental na abordagem da Parentalidade Consciente, que se baseia na ideia de que as crianças e os adultos são iguais em termos de dignidade e de valor pessoal, independentemente da idade, sexo, raça, etnia ou outras características. Esse conceito reconhece que as crianças são seres humanos completos, com suas próprias necessidades, desejos, emoções e perspectivas únicas. Todas as pessoas devem ser tratadas com dedicação, compaixão e respeito, e os pais devem ser modelos de comportamento justo e equitativo em relação aos seus filhos.
Na prática, o igual valor na relação com as crianças implica ouvir as suas opiniões e desejos, reconhecer e validar as suas emoções, considerar as suas necessidades e interesses, e permitir que elas tomem decisões e desenvolvam autonomia dentro de limites saudáveis.
Isso significa que os pais não devem impor as suas opiniões ou desejos sobre os seus filhos, nem usá-los como meio para satisfazer as suas próprias necessidades. Em vez disso, devem trabalhar em conjunto, estabelecendo uma relação de colaboração e cooperação baseada no respeito mútuo.